Existem duas maneiras de se olhar para uma cerveja e, por conseqüência, de saboreá-la: uma primeira perspectiva passa por a considerarmos como um mero refresco ou como uma boa forma de acompanhamento de qualquer refeição mais condimentada; a outra forma leva-nos a escolhermos a cerveja consoante o nosso gosto, o momento, a refeição ou até as condições climatéricas que existam. De fato, tal como o vinho, também as qualidades das cervejas devem ser apreciadas e saboreadas. Deve-se observar a cor, a espuma, o aroma e todos os aspectos do seu sabor que nos chamem a atenção, quer seja pela positiva ou pela negativa. Sim, porque cerveja não é apenas cerveja! Há cervejas que são de fato más, enquanto outras são as resultadas de anos de pesquisa e aperfeiçoamentos, autênticas obras de arte!
Nesta rubrica vamos tentar ressalvar os aspectos que nos parecem mais importantes para que possa aperfeiçoar o seu gosto e com isso escolher quais são as cervejas que mais se lhe adéquam. No entanto, e como em tudo na vida, o gosto de cada pessoa não é algo científico. Por exemplo, pode estar num bar a beber uma cerveja com um seu amigo e achá-la muito boa, enquanto que o seu amigo, apesar de estar a beber a mesma marca, a achar extremamente desagradável. Isso pode depender do lote (podem ser de lotes diferentes), do copo, da maneira como foi servida ou, simplesmente, pode ser que você e o seu amigo tenham gostos diferentes!
Para começar, existem dois elementos muito importantes e que devem ser cuidadosamente verificados antes de se iniciar uma prova de cervejas. Primeiro que tudo há que ter em atenção a temperatura a que a cerveja irá ser servida. Em Portugal, temos o hábito de beber a cerveja ‘estupidamente fresca’. Apesar de ser algo natural, devido ao nosso clima e ao tipo de cerveja que, em geral, se bebe no nosso país – as lager – tal fato não se aplica a todas as cervejas ou a todo o tipo de ocasiões. Podemos estranhar o comportamento do povo inglês que bebe cervejas escuras a uma temperatura quase ambiente. Todavia, para saborear corretamente certo tipo de cervejas, como por exemplo uma porter, quase que não será necessário a sua ida ao frigorífico. As temperaturas baixas podem ocultar os aromas. E, pensando bem, não tem grande lógica beber algo muito gelado em pleno Inverno. Há cervejas próprias para esse tipo de clima, que podem servir não só como acompanhamento de um jantar ou como algo que se beba numa discoteca, mas que funcionam também como um fato que nos possa reconfortar. Em geral, as melhores cervejas trazem no rótulo a temperatura a que devem ser bebidas, sendo que essa indicação vem muitas vezes acompanhada da maneira que deverá ser servida para melhor ser saboreada (se quiser ler mais sobre a temperatura adequada, clique aqui).
Qualquer copo serve?
Em segundo lugar, e não menos importante tem a questão do copo. Por mais estranho que isso nos possa parecer, a forma e profundidade do copo podem afetar não só o aroma como a qualidade geral de uma cerveja. Tal como acontece com a temperatura, existem muitos rótulos que trazem a indicação de qual o formato de copo adequado a uma correta degustação. Devemo-nos assegurar de que o copo está seco e de que não contém sujidade. Essa sujidade não só poderá alterar o sabor da bebida como muito certamente subirá com a espuma, ficando assim com um aspecto ainda mais desagradável. Resíduos de gordura no copo também são de evitar, pois eliminam o gás carbônico, o que faz com que a espuma desapareça com maior rapidez. É completamente desaconselhado beber-se pela garrafa, pois isso não permite que a cerveja ganhe vida como no copo e, por outro lado, poderá transmitir ao aroma sabores metálicos provenientes da carica. Dê preferência às cervejas engarrafadas relativamente às enlatadas.
Passemos agora ao processo de servir a cerveja. Comece a vertê-la no copo suavemente e vá-o inclinando até este atingir uns 45º. Quando estiver próximo do meio, afaste progressivamente a garrafa do copo o qual, por sua vez, deverá endireitar até atingir uma posição quase vertical. Todos estes gestos permitem a criação da espuma. Tal fato é bastante importante, pois é esta que impede uma rápida libertação do gás e que, por outro lado, protege o líquido do ar, evitando a oxidação do seu sabor. A espuma deverá ter, em média, entre 2 e 4 centímetros. A duração da espuma irá depender do tipo de copo e da própria cerveja. Copos mais altos produzem mais espuma, mas, como antes foi dito, nem sempre esses copos são os mais indicados. A melhor solução é, caso exista, seguir a indicação que vem no rótulo.
Passemos agora ao processo de servir a cerveja. Comece a vertê-la no copo suavemente e vá-o inclinando até este atingir uns 45º. Quando estiver próximo do meio, afaste progressivamente a garrafa do copo o qual, por sua vez, deverá endireitar até atingir uma posição quase vertical. Todos estes gestos permitem a criação da espuma. Tal fato é bastante importante, pois é esta que impede uma rápida libertação do gás e que, por outro lado, protege o líquido do ar, evitando a oxidação do seu sabor. A espuma deverá ter, em média, entre 2 e 4 centímetros. A duração da espuma irá depender do tipo de copo e da própria cerveja. Copos mais altos produzem mais espuma, mas, como antes foi dito, nem sempre esses copos são os mais indicados. A melhor solução é, caso exista, seguir a indicação que vem no rótulo.
A Fase da Degustação
Chega-se assim à fase mais importante (e desejada!) deste longo processo de apreciar uma cerveja: a prova. Dê um primeiro gole e deixe o líquido vaguear pela sua boca, fazendo com que ele entre em contacto com diversas partes da sua língua sensíveis a diferentes sabores (salgado, doce, ácido, amargo). Respire enquanto tem a bebida na boca, para ajudá-lo a sentir os aromas. Depois de engolir, verifique qual o sabor que mais se destacou, seja ele forte ou fraco, persistente ou efêmero. Curiosamente, este sabor final é muitas das vezes substancialmente diferente do sabor que sentimos quando tínhamos o líquido na boca e, de fato, não é menos importante do que este, pois quandoacabarmos a cerveja será esta a recordação com que iremos ficar. E um bom paladar final pode-nos sempre inspirar a tomar mais uma cerveja!
Depois deste contacto inicial, dê um novo gole e tente confirmar, ou não, as impressões com que tinha ficado. Talvez a melhor maneira de o fizer é questionando-se a si próprio e ir eliminando as hipóteses. Por exemplo: qual o sabor que prevalece? É doce? Mais para o amargo? Vai variando consoante move o líquido pela sua boca? Tudo isto são possibilidades. O que interessa é discernir qual o sabor que mais se destacou e verificar se este lhe é familiar. A partir daqui, trata-se apenas de uma questão de sensibilidade e alguma aprendizagem. Tomemos como hipótese que achou a bebida algo adocicada. Está na altura de perceber se consegue definir com mais precisão esse sabor. Poderá parecer-lhe próximo do sabor do caramelo, ou de leite condensado, ou então um adocicado mais floral. Se, no entanto, achou o sabor algo ácido, poderá fazer a si próprias outras perguntas como: já alguma vez experimentei algo similar; Será mais parecido com gin ou com outro gênero de bebida; Terá um toque de limão ou maçã? Encontrar o sabor que procuramos nem sempre é fácil e requer algum treino. Mas não deve de ser uma questão que o preocupe. O que realmente lhe deverá interessar será a definição do seu gosto, para que possa optar pelas cervejas que mais prazer lhe dá. O resto virá por acréscimo.
Todos os elementos que atrás referimos são importantes para se poder escolher uma boa cerveja e apreciá-la com a devida atenção. E se utilizamos o aditivo ‘boa’, não queremos dizer com isso que se trate de uma cerveja cara ou de grande qualidade. Uma boa cerveja é aquela que
nos faz bem, quer a sua qualidade seja elevada ou não. Se porventura algum dia consultar um dos muitos sites que existem na Internet relativos à classificação de cervejas, verá que a opinião poucas vezes é unânime, sendo que essa falta de unanimidade acontece mesmo entre júris bastante conceituados e com larga experiência. É claro que existe uma média ou, colocando de outro modo, uma tendência que indica se certa marca de cerveja é mais apreciada, ou não, do que outra. No entanto, um copo sujo, um lote pior ou uma temperatura incorreta podem transformar uma boa cerveja numa experiência penosa e desagradável. Por isso, também o aconselhamos a não ir atrás duma primeira tentativa e dar sempre uma nova oportunidade a uma marca que não tenha gostado. Caso volte a não apreciar esse produto, isso não deverá ser motivo para grandes preocupações já que existem milhares de marcas em todo o mundo, muitas delas já vendidas em Portugal e, por certo, alguma acabará por satisfazê-lo plenamente. O mais importante de tudo é lembrar-se de que uma boa cerveja é aquela que se adéqua ao seu gosto.
Quando se começa a avaliar cervejas de um modo mais sistemático, há vários aspectos que devemos ter em consideração. Um deles é o de não se deixar influenciar por outras opiniões quando a avalia. Todas as experiências são diferentes, por isso evite ir com idéias pré-concebidas para uma sessão de degustação. Para além do mais, há que ter em atenção que existem muitos estilos no mundo e, dentro de tantos, há com certeza alguns dos quais não gostamos. É sempre importante contextualizarmos e termos bem presentes qual o estilo de cerveja que estamos a beber. Imagine que não gosta de lagers. Tal não quer dizer que todas as lagers do mundo sejam más. Há lagers de boa qualidade e lagers de má qualidade. Deve-se aprender a avaliar uma cerveja com as características inerentes a cada estilo. No meu caso, por exemplo, não sou grande apreciador do sabor avinagrado característico do estilo Flemish Sour Ale. No entanto, há pouco tempo classifiquei a Rodenbach Redbach e a nota que lhe atribuí foi francamente positiva. É uma cerveja bem conseguida, complexa, mas que, infelizmente, tem algo no sabor que não se adéqua ao meu gosto pessoal. Se estiver de fato interessado em se tornar num avaliador profissional de cervejas, este é um bom sítio por onde começar: http://www.bjcp.org.
Quando se começa a avaliar cervejas de um modo mais sistemático, há vários aspectos que devemos ter em consideração. Um deles é o de não se deixar influenciar por outras opiniões quando a avalia. Todas as experiências são diferentes, por isso evite ir com idéias pré-concebidas para uma sessão de degustação. Para além do mais, há que ter em atenção que existem muitos estilos no mundo e, dentro de tantos, há com certeza alguns dos quais não gostamos. É sempre importante contextualizarmos e termos bem presentes qual o estilo de cerveja que estamos a beber. Imagine que não gosta de lagers. Tal não quer dizer que todas as lagers do mundo sejam más. Há lagers de boa qualidade e lagers de má qualidade. Deve-se aprender a avaliar uma cerveja com as características inerentes a cada estilo. No meu caso, por exemplo, não sou grande apreciador do sabor avinagrado característico do estilo Flemish Sour Ale. No entanto, há pouco tempo classifiquei a Rodenbach Redbach e a nota que lhe atribuí foi francamente positiva. É uma cerveja bem conseguida, complexa, mas que, infelizmente, tem algo no sabor que não se adéqua ao meu gosto pessoal. Se estiver de fato interessado em se tornar num avaliador profissional de cervejas, este é um bom sítio por onde começar: http://www.bjcp.org.
Da minha experiência pessoal, posso referir outros fatores que considero importantes quando se avalia uma cerveja. Se possível, evite estar num sítio com muito fumo. No caso de ter fumado recentemente, é preferível fazer a avaliação num outro dia, pois o tabaco altera e muito o sabor que temos das coisas. Por outro lado, certifique-se que tem os seus sentidos
totalmente operacionais: constipações, língua queimada (devido a ter-se comido algo quente) e refeições picantes são inibidoras de uma análise completa e adequada. O experimentar muitas cervejas seguidas prejudica uma avaliação correta e isenta. É por este motivo que não é uma boa ideia avaliar cervejas em festivais dedicados a esta bebida. Na maior parte das vezes as amostras são pequenas, os copos e o modo de servir não são os adequados e o consumo consecutivo não deixa fazer uma avaliação exacta. Se quiser experimentar mais de duas cervejas, é aconselhável "limpar" o paladar. Tenha consigo um copo com água ou bolachas do género cream cracker, que o ajudam nesta tarefa e também o auxiliam para que não fique inebriado. Evite comidas salgadas ou gordurosas, pois podem alterar o seu paladar. Finalmente, é importante ir tirando notas. Após ter experimentado quatro ou cinco cervejas, as características de cada uma podem-se misturar e quando chegamos a casa já não se sabe bem quais eram as boas e quais eram as más. Tente andar com um papel e um lápis pequeno, onde possa escrever as principais características que encontrou em cada cerveja.
Fonte: "cervejasdomundo"
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